Diversas empresas, principalmente no leste europeu, tiveram suas redes contaminadas por uma novo ransomware batizado “Bad Rabbit”. A motivação do ataque ainda não está clara, mas diversos detalhes sobre o ransomware e o seu funcionamento são conhecidos.
O QUE JÁ CONHECEMOS SOBRE O BAD RABBIT
1. O ransomware chega por meio de um download falso do Adobe Flash Player
Os responsáveis pelo ataque invadiram diversos sites para incluir neles um código que leva alguns dos visitantes a um download falso do Flash Player. A fabricante de antivírus bitdefender divulgou uma lista de alguns sites que se sabe que foram adulterados para contaminar os visitantes, mas é possível que outros sites além destes também estejam envolvidos.
A maioria das páginas são da Rússia e da Ucrânia, mas há também endereços do Japão, da República Checa, Romênia e Bulgária. Nenhuma vulnerabilidade é explorada no navegador do internauta. A vítima deve baixar executar o arquivo oferecido.
É possível que nem todos os visitantes recebam a janela de download, porque navegador envia algumas informações para um servidor de controle, que pode determinar quem receberá o golpe.
Vale observar que os principais navegadores modernos, como o Google Chrome e o Microsoft Edge, já incluem o Flash Player e, portanto, nenhum aviso sobre atualização do plug-in será verdadeira. Em outros navegadores, embora a instalação do Flash possa ser necessária, atualizações ela deve ser sempre feita a partir do site da Adobe.
Há ano na Internet sem o Flash Player: proteja-se desativando o plugin.
2. Depois de contaminar o PC, o Bad Rabbit se espalha pela rede
De acordo com a análise da Bitdefender, o Bad Rabbit é capaz de se espalhar para outros PC da rede usando credenciais de acesso. O ransomware traz no código alguns pares de usuários e senhas comuns para tentar acessar as outras máquinas, mas também usa uma ferramenta para roubar a senha de acesso do próprio usuário do computador.
Houve uma especulação de que o ransomware poderia utilizar a brecha EternalBlue (a mesma que foi usada pelo WannaCry), mas isso não foi encontrado.
3. O código do Bad Rabbit tem semelhanças com o ExPetr/NotPetya
Os especialistas consideram que há bastante semelhança entre o Bad Rabbit e o ransomware NotPetya, também chamado de ExPetr O NotPetya atacou empresas na Europa, principalmente na Ucrânia, a partir do sistema de atualização automática de um software ucraniano de contabilidade. O ataque ocorreu em junho de 2017.
O Bad Rabbit tem diferenças consideráveis, no entanto. A criptografia do disco rígido é realizada usando um componente do programa legítimo de código aberto DiskCryptor. Também é possível que a criptografia do Bad Rabbit possa sim ser revertida, enquanto o NotPetya – intencionalmente ou não – destruía a chave que permitiria recuperar os dados.
4. A maioria das vítimas estão na Rússia
Segundo informações, a maioria das vítimas estão na Rússia. A Bitdefender aponta que 65% dos sistemas infectados são russos. Também há registros de sistemas infectados na Ucrânia, Turquia e Japão.
Até o momento, não há casos registrados no Brasil.
5. O Bad Rabbit age como um “vírus de resgate”
Um vírus de resgate se caracterizada pelo “sequestro” das informações armazenadas no PC e a exigência de um pagamento para que seja recebida uma chave capaz de desbloquear os dados.
O Bad Rabbit se encaixa nessa definição e bloqueia não só os arquivos, como todo o PC. É a principal semelhança dele com os vírus Petya e NotPetya.
O valor de resgate solicitado pelo Bad Rabbit em Bitcoin é de 0,05 BTC, o que atualmente equivale a cerca de R$ 900,00.
6. O nome Bad Rabbit foi dado pelos criminosos
Muitos ransomwares são batizados com nomes diferentes daqueles que são dados pelos criminosos. Por exemplo, o WannaCry usava o nome de “Wana Decryptor”.
“Bad Rabbit” é exatamente o nome que foi usado pelos criminosos na página de pagamento do resgate.
O QUE AINDA É DÚVIDA SOBRE O BAD RABBIT
1. Não há consenso sobre o ataque ser direcionado
O ataque parece ter sido direcionado contra alvos corporativos e o ataque não parece ter nenhum alvo específico.
Embora se saiba que a página que distribui o ransomware tenha capacidade de “escolher” minimamente os alvos, não se sabe se de fato alguém está excluído de receber o ataque.
2. Os autores do ataque não são conhecidos
Como muitos ransomwares, não se sabe quem está por trás do Bad Rabbit.
Uma especulação chegou a apontar que o NotPetya seria sido obra do governo russo contra sistemas da Ucrânia. Essa visão ganhou com as acusações feitas por autoridades da Ucrânia de que a Rússia seria responsável pelo ataques que causaram blecautes no país.
Explicações sobre a origem, tanto do Bad Rabbit como do ExPetr/NotPetya, teriam de explicar também a semelhança entre os códigos usados.
3. Apesar de semelhanças, praga pode ser nova
Embora o Bad Rabbit e o NotPetya tenham semelhanças, é possível que a praga seja diferente o bastante para ser considerada um vírus novo.
O método de criptografia usado pelo novo ransomware ainda não foi completamente estudado, mas tudo indica que é diferente do vírus anterior. O NotPetya também fazia uso da falha EternalBlue para se espalhar dentro das redes das empresas atacadas, o que o novo ransomware também não faz.
Quando o ransomware NotPetya foi descoberto, em junho de 2017, especialistas inicialmente consideraram que a praga era uma nova versão do ransomware Petya. Depois, analistas passaram a considerar que o código tratava-se de uma nova praga por conta das diferenças significativas em relação ao Petya. Da mesma forma, a descoberta de novas diferenças no comportamento do Bad Rabbit pode abrir um vão ainda maior entre ele e o NotPetya.
4. Não há confirmação de que pagar o resgate recupera os arquivos
A maioria dos vírus de resgate evita causar danos ao sistema operacional, já que o pagamento da recompensa costuma ser solicitado em Bitcoin via navegador Tor. Para fazer pagamentos nessas condições, a vítima precisa preferencialmente de um computador funcionando.
O Bad Rabbit, porém, inutiliza o PC. Além disso, ele exige que a vítima digite manualmente um código longo na página de recuperação. Mesmo quem quiser pagar a recompensa terá dificuldade para realizar o processo.
Não há relatos até o momento de que o pagamento da recompensa tenha permitido recuperar os arquivos.